terça-feira, 19 de setembro de 2023




REFUTANDO O BATISMO COM ESPÍRITO SANTO E DOM DE LÍNGUAS PENTECOSTAL.
Os cristãos pentecostais crêem que o batismo com o Espírito Santo é uma segunda benção, posterior a conversão. Eles crêem que esse batismo é evidenciado por falar em línguas estranhas, e por isso, todos os cristãos devem falar em tais línguas.
Já os cristãos reformados crêem diferente disto. Para os reformados o batismo com o Espírito Santo é a própria conversão do cristão.
I - TEXTOS BÍBLICOS QUE FALAM "BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO" E COM FOGO
Os cristãos pentecotais distinguem o batismo "do Espírito Santo" e batismo "com o Espírito Santo". O primeiro seria a conversão e o segundo uma benção posterior de enchimento, poder e línguas estranhas.
Na Bíblia, todavia, não existe a distinção de batismo com o Espírito Santo e batismo do Espírito Santo.
Os textos que falam claramente sobre batismo com o Espírito Santo no Novo Testamento são: Mateus 3.10-12 e Lucas 3.15-17.
Em Mateus 3.11 João Batista diz "eu vos batizo com água, para arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo."
Aqui João fala do batismo com o Espírito Santo e com fogo. Os pentecostais entendem por esse texto que o batismo com o Espírito Santo aqui mencionado é o derramamento de Atos 2, onde pessoas falaram "línguas, como que de fogo" (Atos 2.3). Logo, eles concluem que o batismo com o Espírito Santo é esse enchimento de poder, e de "fogo" na vida dos cristãos, que aconteceu em Atos 2.
Já os não pentecostais interpretam o texto de Mateus pelo seu contexto de forma bem diferente.
No verso 10 João tinha dito "já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao FOGO".
Aqui ele faz uma ameaça das árvores infrutíferas de serem lançadas no fogo.
No verso da frente (11), ele fala que Jesus batizará com o Espírito Santo e com fogo.
E no verso 12 ele diz "A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em FOGO INEXTINGUÍVEL."
Aqui vemos novamente o fogo como ameaça da condenação, e após falar do batismo com o Espírito Santo e com fogo, João fala fala de como Jesus separará os salvos e os ímpios.
Sendo assim, os não pentecotais entendem que o batismo com fogo é a condenação, o juízo, e não o mesmo que o batismo com o Espírito Santo e não existe nenhum relação entre o batismo com fogo e as "línguas como que de fogo" em Atos 2.
Assim sendo, os não pentecotais entendem que o batismo com o Espírito Santo é exatamente o oposto do batismo com fogo, ou seja, a salvação. Jesus disse que recolheria o trigo no celeiro e esse batismo é tido como a obra salvadora de Jesus.
O texto de Lucas trata da mesma coisa.
Em Atos 2.5 Jesus diz "porque João, na verdade, batizou com água, mas vos seres batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias". Aqui, novamente, Jesus fala do batismo com o Espírito Santo e diz que seus discípulos receberiam esse batismo, mas nada Ele fala do batismo com fogo.
II - TODO CRISTÃO É BATIZADO COM O ESPÍRITO SANTO
Em Romanos 8.9 Paulo diz "vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle." Logo, todo cristão deve possui o Espírito Santo. Quem não é habitação do Santo Espírito não é de fato cristão. Nisso todos concordam.
Em I Coríntios 12.12-31, Paulo fala sobre a Igreja de Cristo e sobre como ela é um corpo de diferentes membros.
No verso 13 ele diz "pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito."
Aqui, Paulo fala que todos os crentes foram batizados no mesmo Espírito, ou seja, batizados no Espírito Santo, e é por isso que pertencem ao mesmo corpo. Fica evidente aqui que o batismo com o Espírito é o motivo de alguém ser parte do corpo de Cristo, ou seja, a própria conversão.
III - TODOS FALAM EM LÍNGUAS?
Ainda em I Coríntios 12, nos versos da 14-26, Paulo fala sobre os diferentes membros do corpo como analogia para diferentes dons existentes na igreja.
No verso 28-31, Paulo diz: "A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorro, governos, variedades de línguas.
Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagres? Tem todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos?
Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons."
Aqui, Paulo fala que cada pessoa tem um dom diferente na igreja. A Igreja de Corinto era muito fascinada pelo dom de línguas (o que Paulo vai tratar no capítulo 14), mas ele lista os dons a deixar o de falar e interpretar as línguas por último. E ele faz perguntas retóricas se todos tinham os mesmos dons e as respostas deveriam ser negativas. O que Paulo tenta mostrar aqui é que nem todos tem os mesmos dons. Nem todos são apóstolos, nem todos são mestres, nem todos operam milagres, nem todos falam em outras línguas e nem todos interpretam. Por isso, os não pentecotais crêem que o dom de línguas não pode ser sinal do batismo com o Espírito Santo, já que nem todos podem ter os mesmos dons.
IV - O QUE É O DOM DE LÍNGUAS?
No capítulo 14, Paulo fala sobre as línguas e mostra que a função delas era de comunicação. Ele diz nos versos 6-12 em diante que nada aproveita falar algo na igreja que ninguém entende.
Ele diz que os que falam em línguas devem interpretá-las e para que sejam úteis a igreja (verso 13-16).
Nos versos 18-19, do capítulo 14 de I Coríntios, Paulo diz "dou graças a Deus que falo em outras línguas mais do que todos vós. Contudo, prefiro falar cinco palavras com meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua." Assim, ele mostra ser inútil as línguas sem interpretação.
No verso 28 ele diz "mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus." Assim, Paulo deixa bem claro que as línguas não são para outra coisa se não a comunicação e só devem ser faladas na igreja quando se puder interpretar o que foi dito.
Em Atos 2.7-13 podemos ver que as línguas de Atos eram idiomas humanos e que os povos presentes em Jerusalém vindos de vários países entenderam o Evangelho nas suas próprias línguas, e por isso creram.
Logo, as línguas de Atos eram humanas e tinham propósito de comunicação do Evangelho, exatamente o mesmo que Paulo fala em I Coríntios 14. Neste, ele diz nos versos 10-11: "há, sem dúvidas, muitos tipos de vozes no mundo; nenhum deles, contudo, sem sentido. Se eu, pois, ignorar a significação da voz, serei estrangeiro para aquele que fala; e ele, estrangeiro para mim."
Os pentecostais crêem que as línguas são dom universal por conta da promessa de Marcos 16.17-18 "estes sinais seguirão os que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre os enfermos, eles ficarão curados."
Logo, os pentecotais crêem que essa promessa é para todos os que crêem. Todavia, nem todos os cristãos realizam todos esse sinais e por isso, as línguas estranhas também não precisam ser para todos os cristãos e sim para alguns que crêem, conforme a necessidade do dom.
Alguns que crêem Deus dará um dom, a outros outro e assim dará todos os dons. Os sinais seguirão os crêem, mas isso não significa que os mesmos sinais ou todos os sinais serão sempre presentes na vida de cada cristão.
Deus não precisa dar todos os dons para um cristão e sim aqueles que forem necessários. Como visto em I Coríntios 12, nem todos falam em línguas, mas isso significa que nem todos crêem? De forma nenhuma, significa que o dom não é mesmo igual para todos, pois somos corpo, formado por membros diferentes, embora batizados no mesmo Espírito (I Coríntios 12.12-13).
Outro argumento pentecostal é de que as línguas são línguas dos anjos, conforme I Coríntios 13.1. Nesse texto, Paulo fala "ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como bronze que soa ou como o címbalo que retine."
Aqui Paulo não está falando do dom de línguas e sim falando de uma possibilidade hipotética que ainda assim, sem amor, não valeria nada. Paulo não está afirmando ser possível falar as línguas dos anjos, mas sim "ainda que eu falasse", mostrando aqui uma hipérbole para mostrar justamente que as línguas faladas não fazem alguém ser salvo, ainda que fossem até as línguas dos anjos.
Logo, não há nesse texto, base para estabelecer uma doutrina de língua dos anjos, que contrarie o ensino de Atos 2 e I Coríntios 14 que falam do dom de línguas como línguas humanas.
V - CONCLUSÃO
O batismo com o Espírito Santo é a própria conversão. O Espírito nos convence do pecado, justiça e juízo (João 16.7-11), nos sela como propriedade de Cristo (Efésios 1.3), habita em nós como garantia da obra final de salvação (II Coríntios 1.22), testifica que somos filhos de Deus (Romanos 8.15), nos leva ao arrependimento quando pecamos (II Coríntios 7.10; II Timóteo 2.25) e nos conduz a viver uma nova vida como nascidos do Espírito (João 3.😎, não segundo a carne e sim segundo o Espírito (Romanos 😎.
Reforma Que Fica


 

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